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Pequeno relato de um workshop de gorda

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Oi gente!

Então, vocês viram que um dos assuntos hits das redes sociais nessa semana foi a campanha da Dove que já há algum tempo tá nessas de “a real beleza da mulher” né? Bem bacana, todo mundo compartilhou, eu adorei e como a grávida que sou, chorei e tudo mais. Pena que é difícil apenas a campanha de UMA grande marca conseguir realmente fazer efeito na lavagem cerebral que sofremos todos os dias, não para sermos ainda mais bonitas e sim para sermos menos feias, não é mesmo?

Esse foi só mais um estopim que me fez escrever sobre algo que já estou afim de falar há algum tempo e tem a ver com estética. É difícil ser gorda. No mundo de hoje eu nem sei mais se posso usar o adjetivo gordo(a) ou se tenho que usar, sei lá, “pessoas especiais com excesso de tecido adiposo”, porque né...

Sempre fiz dança e tenho uma mãe que poderia facilmente trabalhar nos Vigilantes do Peso, então era considerada “normal” e em algumas fases (ou para algumas pessoas), magra. Daí no ano passado tive a chance de fazer um workshop de gordinha. Veja bem, quando digo GORDA estou me referindo a uma pessoa de 1,65 que estava pesando 61kg.  Ouvi, mais de uma vez, que eu tinha engordado e etc... Isso me chateava muito por que eu NÃO estava me sentindo FEIA até começarem a falar. Sabia que tinha passado por um período de cão, minha vida e meu corpo totalmente FORA da rotina e que aos poucos eu poderia voltar ao que era antes.

Aí engravidei. No começo é estranho porque o quadril cresce, a cintura some, os peitos aumentam horrores (e eu já tinha peito!) e a barriga ainda não existe, ou seja, continuei o workshop de gorda. Coloquei as limitações ou exigências da gravidez de lado e passei a imaginar se eu simplesmente fosse daquela forma. Constatei o seguinte:

Academia jamais - Gente, imagina se eu, gorda, vou me matricular na academia? Academia é coisa de gente magra! Não dá, todo mundo te olha como se você estivesse no lugar ERRADO ou como se fosse impossível você emagrecer. Fora o bullying imaginário: “Ô Fulano, não vai fazer transport hoje?” “Eu não, ó lá a gorda, tem que ficar lá a noite inteira...”

Outros exercícios – Aí você resolve procurar por outros exercícios. Caminhada na rua é terrível porque o monóxido de carbono e a loucura do trânsito atrapalham e ainda podem te causar um problema de saúde ou um atropelamento. Yoga, que o povo adora, tenho uma amiga que diz que “é bullying com os gordos”, porque nunca uma pessoa gorda pode sustentar o peso no próprio pulso sem se quebrar!

Lojas de esporte – Aí supondo que você ache um exercício que supra as suas necessidades você tem que enfrentar as lojas de esporte pra comprar um acessório ou roupa especial e etc. Essa aconteceu comigo: fui tentar comprar uma roupa para hidroginástica e gente, a roupa de gestante não me servia (porque os fabricantes imbecis pensam na barriga mas não calculam os PEITOS) e o maiô, que não era para gestantes mas era tipo, GGGGG Maiô de Itu, também não me servia!!!! Pedi um “top” para o vendedor, que não me passava nos peitos também e era o maior. Na moral, fui embora com vergonha tomar um sorvete porque tava puxada a situação ali...

Dinheiro – Gata, prepare o bolso. Ou você acha que quinoa é pastel? Manter legumes e verduras frescos, comprar mil integrais, iogurte, ricota, peito de peru e cenoura toda semana na sua geladeira é tão pesado para o seu bolso do que você para a balança. E olha, eu tenho procurado uma boa nutricionista, não é fácil não...

A comida – Tenho uma amiga que quando comprava doces para a mãe me fazia andar com o pacote. Ela tinha vergonha e dizia que as pessoas iam pensar: “tá vendo, olha lá os doces, por isso que ta gorda!”.  Por outro lado é MUITO difícil fazer dieta trabalhando, já que nem sempre os restaurantes por kilo tem boas opções e você CANSA de ficar levando aquele mesmo iogurte pro lanche da tarde enquanto o estagiário tem Danette, um Cheetos e um pacote de Trakinas na mesa.

Aí você pensa: nooooossa, que louca, quer dizer então que vamos ser todas gordas e é isso aí? Não. O que tô dizendo é:

1.     Não é tão simples quanto parece: nutricionista, endocrinologista e academias bacanas não fazem parte do bolso e da rotina da maioria das pessoas, então você só pode adaptar de uma forma que seja VIÁVEL e isso nem sempre é simples.

2.     Respeite o seu momento: Posso ser considerada “relaxada”, mas gente, às vezes nosso corpo está mudando e não precisamos nos descuidar, mas existem fases. Às vezes você simplesmente está com MUITAS coisas na cabeça para resolver para ainda ter que pensar no blanquet de peru.

3.     Don’t be so hard on yourself: Faça o seu próprio padrão, seja ele qual for. Eu tenho achado algumas celebridades magras DEMAIS, mas vejo pessoas que acham lindo e têm aquilo como ideal de corpo perfeito.  Eu tenho aflição da tal “barriga negativa” mas tem gente que gosta. Eu achava que a Isis Valverde estava ótima em Avenida Brasil, e tinha gente que achava ela “pançudinha”. Enfim, o MEU padrão de corpo ideal pode ser diferente do SEU padrão de corpo ideal e aí ótimo, seguimos cada uma no seu caminho, RESPEITANDO a opção e padrão do outro. Às vezes a pessoa simplesmente não QUER emagrecer naquele momento. DEIXA ELA.

No fim, agora é ótimo porque eu tenho uma barrigona de 8 meses, todo mundo vê que eu to grávida e engordei apenas o valor correto para o crescimento do bebê. Minha maior “extravagância” é comer de vez em quando 1 fatia de pão integral com manteiga ou provar uma garfada do bolo que será servido no chá de bebê do meu filho. E vamos combinar? Se depois do nascimento eu vou perder 10kg em 1 mês ou em 1 ano cabe apenas a mim (e ao outro maior envolvido, meu marido, hahaha).

P.S: Ingrid, qualquer coisa manda o processo judicial pra cá! hahaha


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