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Qual distúrbio psicológico você vai ter hoje?

quinta-feira, 18 de julho de 2013

A maioria das pessoas que vem me visitar e conhecer meu bebê faz a mesma pergunta:

- Mas ele dorme no berço?
- Sim.
- Mas dorme no quarto dele sozinho?
- Sim, desde o primeiro dia. 
- Nossa!

A reação das pessoas é sempre a mesma e me dizem como sou corajosa de deixar o bebê desde o primeiro dia dormindo no berço sozinho e etc. Fico pensando o que mais eu poderia fazer, já que o berço mal caberia no meu quarto e seria uma bruta de uma sacanagem deixar um bebê tão pequeno e molinho dormindo na cadeirinha, o tal bebê conforto. Óbvio que na primeira noite eu cometi dois erros, que foram deixar a luz do abajur acesa e colocar a babá eletrônica com volume, o que me fazia ouvir os barulhos duplamente, já que o quarto dele é grudado com o meu, então, qualquer ruído parecia um grito. 

Contei tudo isso para chegar ao tema do post de hoje: como criamos e carregamos inseguranças ao longo da nossa vida e olha, essa bagagem é BEM pesada. O meu bebê não tem medo do escuro. Aliás, onde ele estava antes de nascer nem tinha luz. O meu bebê passava algumas horas no berçário sem a minha presença nos dias que passamos na maternidade. 

Pode reparar como crianças são mais corajosas e menos bloqueadas que adultos. Concordo que ter MEDO é essencial até para a sobrevivência. Sem o medo, certamente quando crianças tentaríamos voar pulando de um prédio de 10 andares. A questão aqui é em que momento ultrapassamos a linha que existe entre o medo e a insegurança. Em que momento passamos a duvidar de nós mesmos?

Não sou estudiosa nem especialista para saber, mas eu vejo todo um "mercado" focado em tratar as nossas inseguranças: livros de autoajuda, palestras motivacionais, remédios, florais, cursos e mais cursos. Sim, cursos para ser mãe, para se avó (juro!), para falar em público, para se dar bem numa entrevista e por aí vai... E toda uma cultura dizendo que não somos boas o suficiente com revistas e livros dizendo como você pode ser melhor, como existem homens e mulheres com mais sucesso que você, como você não tem o corpo que deveria ter, como você não usa as roupas que deveria usar, como a qualquer momento pode vir um desconhecido e te dar um tiro na cabeça e por aí vai, novamente. 

Como consequência de toda essa cultura, estamos criando uma nova moda, a moda do destúrbio psicológico. Sim, (e posso ser MUITO criticada por isso que vou dizer), mas parece quase motivo de vergonha você tentar ser uma pessoa equilibrada e mentalmente saudável. Como assim você não tem crise de ansiedade? Como assim você não tem depressão ou síndrome do pânico? Como assim você lida com a sua mudança de peso (seja ganhar ou perder alguns quilos) sem desenvolver um transtorno alimentar? Como assim, você não toma remédio pra dormir ou acordar? Como assim você não tem nenhuma doença com mil siglas tipo TDAH? Como assim você não carrega até hoje seus traumas de adolescente? Como assim você não sofre de stress?

Eu não estou dizendo que doenças mentais não existam e inclusive sou do time que acha que depressão não se resolve apenas com "um tanque de roupa suja para lavar", mas gente, peraí. Alguns dias atrás eu parei e pensei comigo "estou cansada de gente louca que acha LEGAL ser louca!". Eu não acho legal ser louco e acho que existem fases para tudo e que mais legal que ser louco é superar essas armadilhas da vida. Juro, tudo se torna muito mais leve e fácil. 

Também não estou dizendo que sou uma pessoa totalmente normal e equilibrada, porque isso seria chato demais, mas eu acho que a vida tem que ser leve e que às vezes carregamos bagagens demais que não nos acrescentam nada. Principalmente: os meus traumas e inseguranças são os MEUS traumas e inseguranças e seria injusto demais passar isso para o meu filho ou quem quer que seja. 

Enfim, bora se olhar no espelho e ver que às vezes, e só às vezes, é mais legal ser normal que maluco?



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